sábado, 13 de novembro de 2010

A Rifa do Timão, rumo a 2014

Está na hora de a nação corintiana mostrar o seu valor na construção do Itaquerão, o estádio que vai sediar a abertura da Copa de 2014. E, para isso, basta uma dose de ousadia e empreendedorismo da diretoria do time. Por que não empreender uma campanha gigante de arrecadação de recursos junto aos 25 milhões de torcedores do segundo time mais popular do País? E, melhor, isso pode ser feito de uma maneira que os torcedores contribuintes também participem da festa, com chances de faturar. Vamos à proposta da RIFA DO TIMÃO, RUMO A 2014..

A idéia é aproveitar a paixão que a fiel torcida comprova todos os dias ao clube. O Corinthians venderia uma rifa de preço popular, de R$ 10 a no máximo R$ 20. Cada bilhete dá direito a participar de um sorteio mensal, transmitido em rede nacional de televisão, de um carro (ou mais) e cinco (ou mais) aparelhos de TV LED. Cada bilhete dá direito a um número para participar do sorteio. Portanto, quem comprar mais de um, concorre com mais números, com mais chances de ganhar. Este modelo permite que mesmo o torcedor mais pobre possa concorrer, comprando um único bilhete. E permite aos mais abonados que comprem mais bilhetes, concorrendo com mais chances e contribuindo muito mais para o estádio.

Uma campanha poderia ser feita entre os corintianos ricos e famosos, como empresários, artistas etc. Eles comprariam um número muito maior de bilhetes, por exemplo, 100, 500 ou mil, e se comprometeriam a devolver o prêmio para ser RESSORTEADO no caso de serem premiados. Tudo em nome de dar popularidade à rifa e atrair a massa.

E quem forneceria os carros e aparelhos de TV? Fácil. Qualquer grande montadora de automóveis e qualquer grande fabricante de TVs adoraria participar da campanha como patrocinador, pois teria seu nome citado na campanha publicitária e nos sorteios. Da mesma forma, as redes de TV se estapeariam pelo direito de transmitir o sorteio.

Seria um jogo de ganha-ganha. O Corinthians arrecadaria dinheiro para construir o estádio SEM MENDIGAR DINHEIRO PÚBLICO, os patrocinadores teriam máxima exposição e os TORCEDORES concorreriam aos prêmios e ainda teriam a satisfação de ajudar o time do coração a ter um grande estádio para a Copa. Para brindar tudo isso, cada comprador de bilhete ganharia um DIPLOMA de torcedor contribuinte, autografado pelo RONALDO, para ser dependurado com orgulho em sua casa e mostrar para filhos e netos na posteridade.

Se a RIFA vender 20 milhões de bilhetes, arrecadará R$ 200 milhões no caso de cada um custar R$ 100. O montante subiria a R$ 400 milhões caso o preço seja de R$ 20, valor acessível a qualquer torcedor.

Se uma iniciativa similar for levada em frente, o Corinthians não apenas ganhará um estádio, como estará dando um exemplo ao Brasil: mostrará que é possível atingir grandes objetivos, gerando riqueza e viabilizando investimentos, sem depender do dinheiro público, que poderia ser aplicado na resolução dos ainda imensos problemas sociais e de infraestrutura do País, que acometem tanto corintianos quando os torcedores dos demais clubes.

Na Folha deste sábado, 13/11/10, José Geraldo Couto propõe uma “vaquinha da Fiel” e lembra que iniciativa semelhante foi empreendida pelo Vasco 90 anos atrás para construir o São Januário, então o maior estádio do Brasil. A proposta da RIFA pega carona na de Couto e apenas acrescenta os sorteios, incluindo os bravos torcedores na festa. Se os vascaínos de ontem puderam, por que os corintianos de hoje não podem?

Que tal, FIEL?

domingo, 7 de março de 2010

O inimigo das cotas ataca

O senador Demóstenes Torres (DEM) defende a velha tese de que no Brasil nao tem racismo. Tem sim, e do pior tipo, do camuflado. Qualquer negro, nordestino ou índio já viveu uma ou várias situações de discriminação. Os judeus também, mas, por serem geralmente ricos ou classe média, nao sentem o preconceito no nível econômico - onde ele é mais cruel e geralmente invisível, aparecendo apenas nos indicadores. Ao contrário do que diz o senador, os indicadores comprovam: há pobres brancos e negros, mas os negros sao bem mais pobres. Há ricos brancos e negros, mas os brancos sao infinitamente mais ricos. É difícil encontrar um branco pobre que venha de uma familia onde todos sao muito pobres. Sempre tem um arrimo. Entre os negros, isto é muito comum. Um negro pobre muitas vezes nao tem sequer um unico parente remediado a quem recorrer. Nao dá para comparar. E esta idéia de que as cotas vao transformar o Brasil em um país racista, opondo brancos a negros, é piada. As cotas estao aí e nada disso ocorreu. Mas o contrário é verdade. O Brasil nunca teve cotas antes, e a discriminação e o preconceito sempre existiram.

Uma comparação do Brasil com os EUA (onde existe cota há muito tempo...) é vergonhosa para nós. Lá, os negros sao apenas 10% (incluidos os mestiços como Obama) da população, e no entanto, mesmo sofrendo preconceitos, já elegeram um presidente. Há negros no Congresso, nos governos e nas diretorias das grandes empresas. No Brasil, onde negros e mulatos sao quase 50%, só recentemente um deles chegou ao STF... No entanto, enquanto nos EUA o racismo é admitido e enfrentado, no Brasil é proibido sequer falar nele. O que existe no Brasil não é a ditadura do politicamente correto, senador, e sim a patrulha da falsa democracia racial.

Ia esquecendo, ditadura do politicamente correto existe, sim, nos EUA. Lá, em qualquer filme, sempre tem que ter um personagem negro, e em posição de destaque. Aqui, só recentemente os negros na Globo deixaram de fazer apenas papel de empregada doméstica e ajudante. Aqui, já tivemos os casos das "paquitas", onde só podia entrar loira. Nos EUA, este tipo de coisa horrenda nunca poderia existir. Lá, os negros tambem sofrem, mas lutam por cada centimetro dos seus direitos, sem se deixar levar pelo argumento de "democracia racial". Aqui, os negros, antes tarde do que nunca, acordaram para nao serem enganados.

Mais uma coisa. O senador hoje acha um absurdo que os negros não celebrem a princesa Isabel. Quer dizer que, retroativamente, o senador é a favor da libertação dos escravos. Ok. Mas seria curioso se voltássemos no túnel do tempo para ver de que lado estaria o nosso ilustre representante do DEM. Ele estaria do lado dos progressistas que lutavam contra a escravidão ou estaria do lado da elite que não apenas era a favor do sistema, como tinha seus próprios escravos? Como seria? Não tem como matar essa curiosidade, pois o passado não tem volta. Mas é possível saber de que lado está hoje o senador: ele está contra um mecanismo que, mesmo tendo seus defeitos, tem o mérito de pretender dar um mínimo de direitos aos negros.