terça-feira, 7 de julho de 2009

Michael Jackson e os EUA pós-racial

Michael Jackson e os EUA pós-racial

Quis o destino que Michael Jackson, o maior astro pop da história, morresse em um período muito especial da história americana: quando a maior potência do planeta é presidida, pela primeira vez, por um negro, Barack Obama. A história uniu os dois eventos, a morte de MJ e o governo Obama, ambos símbolos da ascensão dos afro-americanos. O fenômeno político de Obama foi precedido no mundo do show-business por MJ em mais de duas décadas. Os negros já faziam sucesso na música e nos esportes nos EUA muito antes de Michael. Mas só com ele conseguiram ter um resentante no topo da cultura pop americana. Miachel não foi apenas mais um grande astro pop. Foi a maior personagem da poderosa indústria cultural americana nos anos 80 e 90.

MJ tem outro aspecto grandioso. Poucos, talvez nenhum, artista negro tenha transitado tão naturalmente entre os mundos dos brancos e negros dos EUA. Ironicamente, fez isso de forma radical, trascendendo ao bizarro, com seus tratamentos para branquear a pele e afinar os traços. De uma forma ou de outra, ninguém fez melhor a transição entre os dois grandes mundos étnicos americanos do que MJ. Suas namoradas, ou relacionamentos, seja o que for, também extrapolaram as barreiras raciais. A namorada Brooke Shields e a amiga Elizabeth Taylor, além mulher mãe dos seus filhos. Entre os amigos, McCaulley Culkin e Estiven Spielberg.

O acompanhamento em tempo real dos funerais de MJ também deixou transparecer o caráter multiracial de sua trajetória. De Roma a Berlim, de Tóquio ao Pelourinho, em Salvador, Brasil, suas últimas homenagens foram assistidas ao vivo por fãs de todas as cores, raças, religiões. A adoração a MJ foi generalizada, internacional e incondicional. Se a chegada de Obama ao poder na Casa Branca personificou o ápice da ascensão negra nos EUA, a carreira e a vida de MJ foram construtoras deste processo. Michael talvez não quisesse, mas seu sucesso espetacular foi como um endosso do potencial negro. Sua morte avivou o fenômeno em nossa mente e nos retratou a entrada nos EUA em nova era, a era pós-racial, que tem no presidente Obama mais um – e não o único – símbolo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário